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CÂMARA DE CUIABÁ

Cuiabá em alerta: vereadores afastados por suspeitas de corrupção

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A justiça afastou os vereadores chico 2000 e sargento Joelson em Cuiabá por suspeitas de corrupção. entenda a investigação, as acusações e o impacto na política local.

A política da capital mato-grossense vive um momento turbulento. Recentemente, dois vereadores influentes, Chico 2000 e Sargento Joelson, foram afastados de seus cargos por decisão da Justiça. Essa medida drástica é resultado de uma investigação da Polícia Civil que aponta para um possível esquema de corrupção e má administração envolvendo os parlamentares. Entenda os detalhes dessa operação, o que levou a essa suspensão e quais as consequências para a cidade.

O início da investigação: denúncias e auditoria

Tudo começou em agosto de 2024, quando a polícia especializada em crime organizado recebeu informações sobre possíveis irregularidades nos contratos de serviços terceirizados da Câmara Municipal. As denúncias falavam sobre empresas fantasmas que inflacionavam os preços de serviços como limpeza, manutenção e segurança, com o dinheiro supostamente sendo desviado para os vereadores.

Além disso, um levantamento prévio do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) já havia acendido um sinal de alerta. Entre 2022 e 2024, o TCE-MT encontrou valores muito acima do normal nos gastos com empresas terceirizadas, chegando a identificar um sobrepreço de até 40% em alguns contratos.

A Operação Lex: a polícia em ação

A investigação ganhou força e foi batizada de “Operação Lex”. Em abril de 2025, a polícia mobilizou 50 agentes para cumprir mandados em 15 locais diferentes, incluindo os gabinetes dos vereadores, suas casas e escritórios de contabilidade. A Justiça autorizou essas buscas após analisar provas como extratos bancários, e-mails e gravações telefônicas que ligavam os vereadores a empresários sob suspeita.

Durante a operação, a polícia apreendeu R$ 120 mil em dinheiro vivo, computadores com documentos confidenciais e contratos com assinaturas que pareciam falsificadas.

As acusações: corrupção e organização criminosa

Com base nas investigações, o Ministério Público Estadual (MPE-MT) acusou formalmente os vereadores em 15 de abril de 2025. As denúncias são graves: corrupção passiva (receber propina), lavagem de dinheiro (tentar esconder a origem ilícita dos recursos) e formação de quadrilha (organização para cometer crimes).

Segundo a acusação, Chico 2000 receberia R$ 15 mil por mês para facilitar a aprovação de contratos irregulares. Já Sargento Joelson é apontado como o responsável por um esquema de “laranjas” para ocultar o dinheiro desviado. Dois empresários e um contador também foram denunciados, configurando uma organização criminosa com diferentes funções.

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A decisão da justiça: mandatos suspensos

O desembargador Fábio Machado, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), decidiu suspender os mandatos dos vereadores de forma provisória. Ele justificou a decisão afirmando que a permanência dos parlamentares nos cargos representava um “risco à ordem pública e à probidade administrativa”. A decisão se baseou na Lei Orgânica do Município, que prevê o afastamento imediato em casos de crimes contra a administração pública.

Com a suspensão, Chico 2000 e Sargento Joelson tiveram seus salários bloqueados e estão proibidos de entrar na Câmara Municipal.

O que diz a Câmara Municipal?

O presidente da Câmara, vereador Eduardo Ferreira (PSD), declarou que “respeita a decisão judicial” e que a Casa abrirá um processo interno para analisar se os vereadores perderão definitivamente seus mandatos, seguindo as regras internas. Por outro lado, aliados de Chico 2000 questionaram a medida, alegando que haveria uma “perseguição política” e lembrando que ainda não há uma condenação judicial. A base do governo na Câmara, que reúne a maioria dos vereadores, demonstrou apoio à decisão da Justiça, enquanto a oposição cobrou mais transparência nas investigações.

A voz da população

A população de Cuiabá também se manifestou. Grupos como o “Cuiabá Livre de Corrupção” organizaram protestos em frente à Câmara Municipal, pedindo a prisão dos envolvidos. Uma pesquisa do Instituto Opinião Pública mostrou que a maioria dos cuiabanos (68%) apoia a suspensão dos mandatos, embora uma parcela significativa (29%) tema que o processo possa ser usado para fins eleitorais. A mídia local tem dado grande destaque ao caso, cobrando reformas na forma como os contratos públicos são fiscalizados.

Análise jurídica: o que diz a lei?

A suspensão de um mandato antes de uma condenação definitiva é permitida pela Lei Orgânica de Cuiabá, que prevê medidas para “preservar a moralidade administrativa”. No entanto, especialistas têm opiniões diferentes sobre essa medida. O jurista Marcos Almeida acredita que “a gravidade das provas justifica a precaução”, enquanto a professora de direito Ana Beatriz pondera que “a presunção de inocência está sendo deixada de lado”.

Para entender melhor:

  • Presunção de inocência: Princípio jurídico que garante que uma pessoa é considerada inocente até que se prove o contrário por meio de uma sentença judicial definitiva.
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Casos semelhantes já aconteceram no estado. Em 2021, um vereador de Cuiabá foi afastado por suspeita de desvio de dinheiro da merenda escolar, mas a decisão foi revertida por falta de provas. Já em Rondonópolis, a suspensão de uma vereadora por nepotismo (favorecimento de parentes) em 2023 resultou em sua perda definitiva do mandato após ser condenada pela Justiça em segunda instância. Esses casos mostram que o futuro de Chico 2000 e Sargento Joelson dependerá da solidez das provas apresentadas pela Polícia Civil.

Impacto na administração da cidade

Mudanças na Câmara Municipal

Com dois vereadores a menos, a composição das comissões da Câmara foi alterada. Isso pode atrasar a votação de projetos importantes para a cidade, como o novo plano diretor. O governo municipal também se preocupa com a aprovação do orçamento para o ano de 2026, que precisa de uma base de apoio político estável na Câmara. Além disso, o caso reacendeu a discussão sobre a criação de um conselho de ética parlamentar independente, uma proposta que está parada desde 2020.

Chico 2000 e Sargento Joelson eram considerados candidatos fortes para a reeleição em 2026, com um bom número de eleitores em algumas regiões da cidade. Analistas políticos avaliam que o afastamento deles pode abrir espaço para novos candidatos nas próximas eleições, especialmente aqueles que se apresentam como defensores do combate à corrupção. Pesquisas iniciais indicam que muitos eleitores de Chico 2000 podem buscar outros nomes para votar.

Olhando para o futuro

A suspensão dos mandatos de Chico 2000 e Sargento Joelson demonstra um avanço no combate à corrupção em Cuiabá, mas também revela a necessidade de melhorar a fiscalização sobre o poder legislativo municipal. A efetividade dessa decisão a longo prazo dependerá da rapidez do processo judicial e da implementação de medidas que impeçam que esquemas semelhantes se repitam. Especialistas sugerem a criação de sistemas de transparência online para os contratos públicos e a capacitação contínua dos servidores em temas como ética e integridade administrativa.

Este relatório apresenta as informações disponíveis até 29 de abril de 2025. É importante lembrar que o caso ainda está em andamento e novos acontecimentos podem trazer mudanças significativas no cenário político e jurídico.

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